segunda-feira, 24 de maio de 2010

Em Manágua temos um Chico!!!!


Estava eu este final de semana mais uma vez escutando música... quando mais uma vez também coloco Chico... Apesar de ser fissurada no novo, depois de escutar Ana Cañas (minha mais nova paixão na música popular), Roberta Sá, Três Meninas do Brasil, lógico, não podia passar batido e deixar o Chico de lado. Então, me deparo com Mulheres de Atenas... Me lembrei do quão esta música se tornou uma grande polêmica quando foi lançada. Vai a letra abaixo, e em seguida um comentário breve sobre acusações um tanto quanto idiotas. Pelo menos na minha opinião.

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos
Orgulho e raça de Atenas

Quando amadas se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem imploram
Mais duras penas, cadenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Sofrem pros seus maridos
Poder e força de Atenas

Quando eles embarcam soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam, sedentos
Querem arrancar, violentos
Carícias plenas, obscenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Despem-se pros maridos
Bravos guerreiros de Atenas

Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar um carinho
De outras falenas
Mas no fim da noite, aos pedaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas, Helenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Geram pros seus maridos
Os novos filhos de Atenas

Elas não têm gosto ou vontade
Nem defeito, nem qualidade
Têm medo apenas
Não tem sonhos, só tem presságios
O seu homem, mares, naufrágios
Lindas sirenas, morenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Temem por seus maridos
Heróis e amantes de Atenas

As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas, não fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem
Se conformam e se recolhem
As suas novenas
Serenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos
Orgulho e raça de Atenas


Esta música, de 1976, me deixa intrigada. Feministas de plantão, não entenderam muito bem a mensagem do Chico. Não é porque o considero um grande poeta, que o defendo. Sou feminista, mas discurso mal colocado tem limite. O compositor na realidade escreveu a canção em parceria com o dramaturgo Augusto Boal, o idealizador do Teatro do Oprimido, para a peça "Lisa, a mulher libertadora", do próprio Boal. O texto era uma adaptação de "Lisístrata", de Aristófanes, grande representante da comédia grega antiga. A peça retratava uma rebelião de mulheres atenienses, que, sob a liderança da personagem-título, resolvem fazer greve de sexo, para forçar seus maridos a acabarem com a Guerra do Peloponeso. Ou seja, o Chico fez uma música feminista, para uma peça feminista.

Mulheres de Atenas faz referências à sociedade do período clássico da Grécia e também a alguns episódios da Mitologia grega. O trecho “Mas no fim da noite, aos pedaços/ Quase sempre voltam pros braços/ De suas pequenas/ Helenas”, por exemplo, remete à Helena, esposa do rei Menelau. A história conta que ela foi raptada pelo príncipe de Tróia, cidade rival à Esparta. O ato foi o estopim da famosa Guerra de Tróia, promovida pelos gregos para resgatar a rainha seqüestrada e destruir os rivais.

Então, chega de polêmica e acusações feitas à época de seu lançamento, de que sua letra seria uma ode à submissão feminina. O próprio Chico Buarque desmente esta intenção: “Eu disse: mirem-se no exemplo daquelas mulheres que vocês vão ver no que vai dar.”

domingo, 16 de maio de 2010

SINTEST/RN constata descaso de governantes em comunidade carente de Felipe Camarão

Você já viu hoje a propaganda da prefeitura do Natal que afirma estar fazendo um trabalho pioneiro de habitação em Natal? Bom, quem compareceu na manhã deste sábado à comunidade que vive nas margens da Av. Capitão Mor Gouveia, próximo ao km 06 em Felipe Camarão, deve estar se perguntando quando será a vez daquele povo! O SINTEST/RN foi lá e viu a realidade!

Em uma iniciativa inovadora, o sindicato começou um trabalho, junto à comunidades desfavorecidas, no sentido de dar apoio mostrando a força que todo cidadão tem em lutar por seus direitos. E aqui estamos falando de direitos básicos, como o de moradia, saúde, enfim, diginidade. Centenas de pessoas, dentre a sua maioria, mulheres e crianças, vivem em condições sub-humanas, em frágeis barracos construídos no meio da lama e do lixo, esperando por dias melhores. Dias em que, finalmente, os governantes façam andar a obra das casas populares próximo à favela que hoje, está parada sem a menor justificativa.

E os problemas não são só esses. A atividade, realizada nesse sábado pelo SINTEST/RN, aconteceu no local onde deveria funcionar uma creche pública. No entanto, o que vimos foi um amontoado de cadeiras empoeiradas, paredes sujas, quadros negros caidos ao chão e salas vazias. As crianças da região devem se deslocar para outros bairros distantes, para ter o direito a colocar os pés num ambiente educacional.

Por causa desses absurdos relatados e muitos outros que sequer pudemos ainda apurar, o sindicato se sente no dever de fazer um trabalho social, fora dos muros da universidade, com o objetivo de compartilhar com outras pessoas, a lição que sabe bem: a de lutar por direitos. O primeiro contato se deu através de uma breve conversa com os moradores da comunidade, onde os diretores presentes se apresentaram, explicaram o trabalho e o papel de um sindicato, bem como a importância da parceria entre a classe trabalhadora. Em seguida, foi oferecido aos presentes um gostoso almoço. Como tudo já vinha sendo planejado, o almoço pode ser organizado na forma de quentinhas.

Pelo que ficou acertado, a comunidade fará uma atividade de pressão política junto às instâncias governamentais com vistas a resolver o problema habitacional. Os líderes farão contato com o sindicato e claro, o SINTEST/RN estará presente em mais essa luta da classe trabalhadora.

Estiveram presentes e ajudaram na atividade os dirigentes: Aparecida, Edson, Talvanes, Nilberto e Vânia Machado. O diretor Santos chegou ao local próximo ao fim da atividade, mas marcou presença. A Conlutas se fez presente também através de Nilvan. Destaque especial para os pequenos ajudantes: Tainá, Adriel e Nilbertinho, filhos da diretora aparecida, da jornalista Livia e do diretor NIlberto Galvão, respectivamente.

Veja as fotos na galeria de imagens

Fonte: www.sintestrn.org.br